Quando usar para MIM e para EU? Dicas importantes!


Custou para eu acreditar nela. 

Apesar de o Word corrigir a frase "Custou para mim acreditar nela" para "Custou para eu acreditar nela", o uso de mim está adequado ao padrão culto da língua. O pronome eu exerce a função sintática de sujeito. Para se descobrir qual o sujeito de um verbo, basta ao aluno perguntar a ele: "Que(m) é que ?" Por exemplo: 

Eu fiz o trabalho ontem. 
Pergunta: Quem é que fez o trabalho ontem? 
Resposta: eu = sujeito do verbo fazer. 

Façamos o mesmo exemplo com a frase abaixo: 

Basta para mim ter Mariana ao meu lado. 
Há dois verbos: bastar e ter. Analisemos o verbo bastar: 
Pergunta: Que é que basta? 
Resposta: ter Mariana ao meu lado = sujeito do verbo bastar. 
Observe que o sujeito do verbo bastar é uma oração, pois onde houver verbo haverá uma oração. O sujeito representado por uma oração se chama oração subordinada substantiva subjetiva (OSSS). 

Num período, há a chamada ordem direta, que é a colocação do sujeito no início da oração, com o verbo logo após ele. Se a frase apresentada for escrita em ordem direta, ou seja, se a oração subordinada substantiva subjetiva iniciar o período, haverá a seguinte frase: "Ter Mariana ao meu lado basta para mim". Percebeu como o adequado é usar mim mesmo? 

Para mim basta ter Mariana ao meu lado. 
Ter Mariana ao meu lado basta para mim. 
Para mim, ter Mariana ao meu lado basta. [a vírgula é optativa]
Basta para mim ter Mariana ao meu lado. 

Sempre que houver bastar, custar, faltar ou restar e, no mesmo período, houver outro verbo no infinitivo, este não poderá ser flexionado, ou seja, sempre ficará invariável. Veja alguns exemplos: 

Basta para os alunos estudar todos os dias. 
Basta para eles estudar todos os dias. 
Basta para nós estudar todos os dias. 

Isso ocorre porque os alunos, eles e nós não exercem a função de sujeito de estudar, e sim a de complemento do verbo bastar (objeto indireto). 

A frase apresentada, portanto, deve ser assim corrigida: 

Custou para mim acreditar nela. 

Por Dílson Catarino
Professor de gramática da língua portuguesa, literatura e redação, desde 1980.

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