Exercícios sobre SUBSTANTIVOS com gabarito (vestibulares)


1. (UFRJ, adaptado) 

A Maria dos Povos, sua futura esposa 
Discreta, e formosíssima Maria, 
Enquanto estamos vendo a qualquer hora, 
Em tuas faces a rosada Aurora, 
Em teus olhos e boca o Sol, e o dia: 

Enquanto com gentil descortesia 
O ar, que fresco Adônis te namora, 
Te espalha a rica trança voadora, 
Quando vem passear-te pela fria: 

Goza, goza da flor da mocidade, 
Que o tempo trata a toda ligeireza, 
E imprime em toda flor sua pisada. 

Oh não aguardes, que a madura idade, 
Te converta essa flor, essa beleza, 
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. 

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. 2. ed. 
(Seleção de José Miguel Wisnik). São Paulo: Cultrix, [s.d.]. 

O texto se constrói por meio da oposição entre dois campos semânticos, especialmente no contraste entre a primeira e a última estrofes. 
Explicite essa oposição e retire, dessas estrofes, dois vocábulos com valor substantivo - um de cada campo semântico, identificando a que campo cada vocábulo pertence. 

2. (UFRJ, adaptado) 

Almeida e Costa comprão para remeterem para fora da Província, huma escrava que seja perfeita costureira, engomadeira, e que entenda igualmente de cozinha, sendo mossa, de bôa figura, e afiançada conduta para o que não terão duvida pagala mais vantajosamente; quem a tiver e queira dispor, pode dirija-se ao escriptorio dos mesmos na rua da fonte dos Padres, n. 91. 

Gazeta Commercial da Bahia, 19 set. 1832. 

Do texto: 
a) selecione 2 (dois) verbos e 2 (dois) substantivos que apresentem forma ou emprego diferentes da atual. 

b) reescreva-os na forma vigente. 

3. (Cefet-CE, adaptado) 

Pensar é viver 
(...) Discernir e escolher fica mais difícil, porque o excesso de informações nos atordoa, a troca de mitos nos esvazia, a variedade de solicitações nos exaure. Para ter algum controle de nossa vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser - à revelia dos modelos generalizantes. 
Dura empreitada, num momento em que tudo parece colaborar para que se aceitem modelos prontos para servir. Pensamento independente passou a ser excentricidade, quando não agressão. Família, escola e sociedade deviam desenvolver o distanciamento crítico e a capacidade de avaliar - e questionar - para poder escolher. (...)

LUFT, Lya. Pensar é transgredir
Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 177-78. 

No primeiro parágrafo selecionado do texto, Lya Luft defende a ideia de que devemos buscar nossa identidade. Que expressão, formada por substantivo mais adjetivo, utilizada no parágrafo seguinte retoma essa ideia ao mesmo tempo em que transmite uma opinião da cronista? 

4. (Cefet-CE)

Quem é o criminoso? 
Outro dia, durante uma conversa despretensiosa, um dos líderes da Central Única de Favela (Cufa), entidade surgida no Rio de Janeiro para representar os favelados do país, descrevia uma cena que presenciou durante anos a fio em sua vida: "É o bacana da Zona Sul estacionar seu Mitsubishi no pé do morro e comprar cocaína de um garotinho de 12 anos". Em seguida, fez uma pergunta perturbadora: "Quem é o criminoso? O bacana da Zona Sul ou o garoto de 12 anos?". E deu a resposta: "Para vocês, o garoto de 12 anos tem de ser preso porque ele é um traficante de drogas. Para nós, tem de prender o bacana da Zona Sul porque ele está aliciando menores para o crime". Não resta dúvida de que a situação retrata um dilema poderoso: de um lado, tem-se uma vítima do vício induzida ao crime de comprar drogas e, de outro, tem-se uma vítima da pobreza e da desigualdade induzida ao crime de vendê-las. Na cegueira legal em que vivemos, a solução é simples: prendem-se vendedor e comprador. 
(...)
Começa agora a surgir uma alternativa mais realista com a intenção do governo federal de implantar a chamada "política de redução de danos". Ou seja: em vez de punir os usuários, tratando-os como criminosos, passa-se a encará-los como doentes e atendê-los de modo a reduzir os riscos a que estão expostos - como a overdose, aids, hepatite e outras doenças. É mais realista porque a repressão do uso de drogas é uma política bem-intencionada, na qual se pretende a purificação pela via da punição, mas que tem se mostrado sistematicamente falha. A ideia brasileira - já em uso em outros países, e não apenas na Holanda - é um pedaço de bom senso e humildade. Encarar um viciado como doente é um enfoque justo e generoso. 

PETRY, André. Veja, p. 50, 24 nov. 2004.

No último período do primeiro parágrafo do texto, há __ substantivos. 

a)
b)
c)
d) 4
e)

(Fuvest-SP) O texto abaixo refere-se às questões 5 e 6. 

S. Paulo, 13-XI-42 
Murilo 

São 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas é doença que me prende, irmão pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo último, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que não faço nada, com o desânimo de após-gripe, uma moleza invencível, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por aí. (...) 
Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos "propositais". Sim senhor, seu poeta, você até está ficando escritor e estilista. Você tem toda a razão de não gostar do "nariz furão", de "comichona", etc. Mas lhe juro que o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente. As palavras são postas de propósito pra não gostar, devido à elevação declamatória do coral que precisa ser um bocado bárbara, brutal, insatisfatória e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfação no prazer estético, não deixar a coisa muito benfeitinha. (...) De todas as palavras que você recusou só uma continua me desagradando "lar fechadinho", em que o carinhoso do diminutivo é um desfalecimento no grandioso do coral. 

ANDRADE, Mário de. 
Cartas a Murilo Miranda

5. No trecho " ... o gosto consciente aí é da gente não gostar sensitivamente"; apresenta-se um jogo de ideias contrárias, que também ocorre em: 

a) "dores e tratamento atrozes". 
b) "reservas a palavras do poema".
c) "insatisfação no prazer estético". 
d) "a coisa muito benfeitinha". 
e) "o carinhoso do diminutivo".

6. No texto, as palavras "sinusitezinha" e "trabalhandinho"  exprimem, respectivamente, 

a) delicadeza e raiva.
b) modéstia e desgosto.
c) carinho e desdém.
d) irritação e atenuação.
e) euforia e ternura.

7. (Unifesp) 

Meus oito anos 
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

ABREU, Casemiro de. 

No primeiro verso, a palavra "que" antecede o substantivo "saudades". Nesse contexto, ela só pode ser substituída por 

a) muita.
b) quais.
c) quantas.
d) bastante.
e) algumas.

8. (Fuvest-SP) 

Meses depois fui para o seminário de S. José. Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflige.

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro

O"escrúpulo de exatidão" que, no trecho, o narrador contrapõe à exageração ocorre também na frase:

a) No momento em que nos contaram a anedota, quase estouramos de tanto rir.
b) Dia a dia, mês a mês, ano a ano, até o fim dos tempos, não tirarei os olhos de ti.
c) Como se sabe, o capitão os alertou milhares de vezes sobre os perigos do lugar.
d) Conforme se vê nos registros, faltou às aulas trinta e nove vezes durante o curso.
e) Com toda a certeza, os belíssimos presentes lhe custaram os olhos da cara.

9. (UFV-MG) Aqui carnavalizada é a gramática, na conhecida obra de Mendes Fradique, Grammatica Portugueza pelo Methodo Confuso, vindo a lume em 1927 e de onde transcrevemos fragmentos do texto, tendo o cuidado de atualizar a grafia.

Procedamos acurada e pachorrentamente ao estudo (...) da gramática, porque na melhor das hipóteses, não ficaremos sabendo coisa alguma...

O autor tem razão diante de afirmativa como: 

a) "Os adjetivos se caracterizam morfologicamente por receberem as mesmas marcas de gênero e número que distinguem os nomes, com a diferença de que estas marcas, no adjetivo, resultam de regras de concordância."
b) "SUBSTANTIVO é a palavra com que designamos ou nomeamos os seres em geral. São, por conseguinte, substantivos: a) os nomes de pessoas, animais, vegetais, lugares e coisas: Maria, cão, ipê, Brasil, livro; b) os nomes de ações, estados e qualidades, tomados como seres: colheita, patriotismo, velhice, bondade, largura."
c) "O EMPREGO FACULTATIVO DO INFINITO FLEXIONADO. REGRA: Quando o infinito, apesar de não ter sujeito próprio (...) exprime, contudo, uma ação exercida por um agente que conhecemos do contexto e ao qual esta se atribui, pode ser flexionado ou invariável, embora frequentemente se dê preferência ora a uma, ora a outra, das duas formas do infinito."
d) "Os SUBSTANTIVOS, todos os ARTIGOS, a maioria dos ADJETIVOS, alguns NUMERAIS e alguns PRONOMES podem sofrer uma variação de forma para dar ideia de UM ou MAIS DE UM. A isto nós chamamos de FLEXÃO DE NÚMERO".
e) "RAIZ é o morfema comum a várias palavras de um mesmo grupo lexical, portador da significação básica desse grupo de palavras. Assim em 'claro, clarear, aclarar, esclarecer, esclarecimento e clarividência; a raiz é 'clar-'. Em 'livro, livrinho, livreiro, livraria e livresco'; a raiz é 'livr-"".

10. (UFV-MG) Na sua intenção carnavalizadora, Mendes Fradique, ao tratar do substantivo, mescla a nomenclatura usual com o que lhe serve ao propósito humorístico. Em termos de Nomenclatura Gramatical Brasileira - e apenas em termos dela - ele somente NÃO inovou em: 

a) "O substantivo pode ser PRÓPRIO ou de ALUGUEL. O substantivo é 'próprio' quando nomeia pessoa. Ex.: Presidente da República, Prefeito, Ministro etc. Esses substantivos só não nomeiam pessoa quando a pessoa não tem pistolão. O substantivo é de 'aluguel' quando o morador paga a renda ao senhorio..."
b) "O substantivo pode ser REAL ou ABSTRATO. É 'real' quando se relaciona com o rei ou quando serve de padrão monetário. O substantivo é 'abstrato' quando não passa de conversa fiada. Ex.: Câmbio estável, plataforma governamental, opinião pública, soberania popular, democracia, sorte grande, camarão de empada, Tesouro Nacional, etc."
c) "Os substantivos variam desinencialmente [também] em caso ... Ex.: João come frutas. JOÃO é aí um caso nominativo. Maria lê jornais. MARIA é aí um caso nominativo. Excetuam-se: Pedro toma o trem da Central, porque aí Pedro é um caso perdido."
d) "Quanto ao gênero, podem os substantivos ser MASCULINOS, FEMININOS ou NEUTROS. Masculino: Mesquita Cabral; feminino: Marion; neutro: preguiça, que é comum ao masculino e ao feminino." 
e) "O substantivo pode ser SIMPLES ou COMPOSTO. O substantivo é 'simples' quando é simples mesmo. Ex.: café pequeno. É 'composto' quando acompanhado de entrepitíveis. Ex.: média com pão quente."

GABARITO

1. Os dois campos semânticos presentes na construção do poema indicam aspectos positivos e negativos: juventude versus maturidade; beleza versus decrepitude; nascimento versus morte; luminosidade versus sombra. Os vocábulos representativos desses campos semânticos são aurora, sol, dia, flor, beleza versus terra, cinza, pó, sombra, nada. 

2. 
a) comprão / pagala / mossa / escriptorio 
b) compram / pagá-la / moça / escritório 

3. A expressão é "Dura empreitada".

4. Alternativa D.

5. Alternativa C.

6. Alternativa D.

7. Alternativa C.

8. Alternativa D.

9. Alternativa C.

10. Alternativa E.