1 de agosto de 2017

Exercícios sobre obras de Machado de Assis


**Gabarito no final**

1. (Fuvest-SP) 
Tendo em vista as diferenças entre O primo Basílio e Memórias póstumas de Brás Cubas, conclui-se corretamente que esses romances podem ser classificados igualmente como realistas apenas na medida em que ambos: 

a) aplicam, na sua elaboração, os princípios teóricos da Escola Realista, criada na França por Émile Zola. 
b) se constituem como romances de tese, procurando demonstrar cientificamente seus pontos de vista sobre a sociedade. 
c) se opõem às idealizações românticas e observam de modo crítico a sociedade e os interesses individuais. 
d) operam uma crítica cerrada das leituras romanescas, que consideram responsáveis pelas falhas da educação da mulher. 
e) têm como objetivos principais criticar as mazelas da sociedade e propor soluções para erradicá-las.

2. (UFPA) 
Os enredos dos romances Dom Casmurro e Senhora, do ponto de vista do leitor, remetem a 

a) ratificação do papel submisso da mulher no século XIX, através das protagonistas. 
b) crítica à escravidão. 
c) uma visão da mulher que, conscientemente, quer ser agente do seu destino - é o caso de Capitu, em Dom Casmurro, e Aurélia, em Senhora. 
d) supervalorização do sentimento amoroso das protagonistas. 
e) construção de caricaturas femininas do século XIX, por isso Capitu, em Dom Casmurro, e Aurélia, em Senhora, aparecem transformadas e deformadas.

3. (Fuvest-SP) 
Assinalar a alternativa que transcreve passagem do romance Quincas Borba, de Machado de Assis:

a) “Era o ‘Quincas Borba’, o gracioso menino de outro tempo, o meu companheiro de colégio, tão inteligente e abastado.
Quincas Borba!”
b) “Saberia Rubião que o nosso Quincas Borba trazia aquele grãozinho de sandice, que um médico supôs achar-lhe?
Seguramente, não; tinha-o por homem esquisito.”
c) “Era tarde para mandar o camarote a Escobar; saí, mas voltei no fim do primeiro ato. Encontrei Escobar à porta do
corredor.”
d) “Sim, a lamparina ia morrendo, mas ainda podia dar luz ao regresso de Paulo. Quando Flora o viu entrar e ajoelhar-se
outra vez, ao pé do irmão, e ambos dividirem entre si as mãos dela, mansos e cordatos, ficou longamente atônita.”
e) “Tristão e Fidélia desceram hoje e Aguiar os foi buscar à Prainha. Dali vieram almoçar ao Flamengo, onde D. Carmo esperava os recém-casados e os abraçou cheia de coração.”

4. (PUC-RS) 
No início de Quincas Borba, a personagem Rubião avalia sua trajetória, enquanto olha para o mar, para os morros, para o céu, da janela de sua casa, em Botafogo. Passara de _____ a capitalista ao _____. Mas, no final do romance, o personagem acaba morrendo na miséria.

As lacunas podem ser correta e respectivamente preenchidas por:
a) jornalista – receber um prêmio
b) professor – receber uma herança
c) enfermeiro – se tornar comerciante
d) filósofo – investir em terras
e) enfermeiro – se casar com Sofia


5. (UFRGS-RS) 
Assinale a alternativa correta em relação a Quincas Borba, de Machado de Assis.

a) O título do livro, como esclarece o narrador, refere-se ao filósofo Quincas Borba, criador do “Humanitismo”.
b) Quincas Borba é apenas um interiorano milionário explorado por parasitas sociais como Palha e Camacho.
c) Rubião é objeto de disputa amorosa entre a bela Sofia e Dona Tonica, filha do major Siqueira.
d) Rubião, sócio do marido de Sofia, comete adultério com ela sem levantar suspeitas.
e) Ao fugir do hospital, Rubião retorna com Quincas Borba à sua cidade de origem, Barbacena.

6. (ACAFE SC/2017)
Em relação à obra Esaú e Jacó, de Machado de Assis, marque com V as citações verdadeiras e com F as falsas.

(  ) Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”.

(  )  ‘Confeitaria do Custódio’. Muita gente certamente lhe não conhecia a casa por outra designação. Um nome, o próprio nome do dono, não tinha significação política ou figuração histórica, ódio nem amor, nada que chamasse a atenção dos dois regimes, e conseguintemente que pusesse em perigo os seus pastéis de Santa Clara, menos ainda a vida do proprietário e dos empregados. Por que é que não adotava esse alvitre? Gastava alguma coisa com a troca de uma palavra por outra, Custódio em vez de Império, mas as revoluções trazem sempre despesas.

(  )  Aires quis aquietar-lhe o coração. Nada se mudaria; o regime, sim, era possível, mas também se muda de roupa sem trocar de pele. Comércio é preciso. Os bancos são indispensáveis. No sábado, ou quando muito na segunda-feira, tudo voltaria ao que era na véspera, menos a constituição.

(  )  Entre a morte de Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da moléstia que apanhei.

A sequência correta é:

a) F - V - F - V
b) F - V - V - F
c) V - F - V - F
d) V - F - F - V

7. (UNIFOR CE/2017)

— Estás com sono?
— Não, senhor.
— Nem eu; conversemos um pouco. Abre a janela. Que horas são?
— Onze.
— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que, meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e um anos, no dia 05 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns namoros. . .
— Papai. . .
— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. Os mesmos Pitt e Napoleão, apesar de precoces, não foram tudo aos vinte e um anos. Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te levantes acima da obscuridade comum. A vida, Janjão, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a vida; não há planger, nem imprecar, mas aceitar as coisas integralmente, com seus ônus e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante.
— Sim, senhor.
— Entretanto, assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice, assim também é de boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje, dia da tua maioridade.
— Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?
— Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha mocidade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral, além das esperanças que deposito em ti. […].


ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Teoria do Medalhão. 
< https://letras.cabaladada.org/letras/teoria_medalhao. pdf > 

A partir da leitura do conto de Machado de Assis e conhecendo o estilo literário do qual o autor é exponencial representante, é possível inferir sobre a narrativa o que pode ser assinado na opção:

a) Traduz a preocupação própria dos pais com o futuro de seus filhos.
b) Demonstra que as pessoas com boa formação são bem sucedidas na vida.
c) Denota a inquietação dos filhos por medo de decepcionarem seus pais.
d) Traz uma crítica velada à alta burguesia urbana da segunda metade do século XIX.
e) Critica os pais que transferem seus desejos profissionais não realizados a seus filhos.


8. (USF SP/2017)
É notório que José de Alencar, Machado de Assis e João Guimarães Rosa são alguns dos expoentes da literatura brasileira. A respeito da obra, do estilo e das características dos autores, é correto afirmar que

a) Alencar reestrutura a prosa romântica local com base na abordagem linguística. Consciente de seu papel como elemento desencadeador de uma consciência nacional, o autor refuta as tentativas de um “abrasileiramento linguístico”, defendendo a pureza da língua lusitana, segundo o autor, a língua representativa do país que deve, por isso, ser respeitada e mantida.

b) embora os espaços trabalhados por Assis e Rosa divirjam, o viés analítico-psicológico é uma constante na obra de ambos, que, inspirados pelas teorias de Sigmund Freud, desnudam o interior dos personagens, explicitando o binômio aparência X essência. Observa-se, majoritariamente, esse aspecto nas personagens femininas das obras lidas.

c) embora se situem em estéticas literárias distintas, Alencar e Assis apresentam características comuns, podendo-se considerar Alencar um precursor do Realismo no Brasil. São elementos comuns nas obras desses autores a destruição da linearidade narrativa, a análise psicológica, a ausência de maniqueísmo, o pessimismo, o humor ácido e a síntese entre os aspectos particular, local e universal.

d) Rosa, em meados do século XX, e Alencar, cerca de cem anos antes, provocam uma reflexão com base no estilo de escrita de cada um: Alencar, por defender a ideia de a nacionalidade apoiar-se primeiramente sobre a língua, que só pode ser modificada pelo povo; Rosa, por inovar a linguagem, com base na apropriação da oralidade, de hibridismos, de estrangeirismos e de regionalismos.

e) a relevância da obra alencariana se dá pelo diálogo temático que estabelece com Rosa e Assis. No regionalismo, a descrição dos espaços físicos – em especial o tratamento dado ao sertão mineiro – é retomada por Guimarães Rosa em seus contos. Na abordagem urbana, alguns aspectos de sua obra – como o casamento por interesse e a fragilidades das relações humanas – serão ponto de partida para as obras machadianas.



GABARITO
1C - 2C - 3B - 4B - 5E - 6B - 7D - 8D