LEIA TAMBÉM:
Prova sobre Barroco brasileiro
Interpretação Sermão de Santo Antônio (aos peixes)
Exercícios sobre o Barroco brasileiro - Gregório de Matos
Interpretação - Ardor em coração firme nascido "Gregório de Matos"
Questão sobre o Barroco no Enem
Exercícios sobre literatura de informação (Quinhentismo e Barroco)
1. Leia o trecho a seguir, extraído do Sermão do bom ladrão, de autoria do Padre Antônio Vieira.
Interpretação Sermão de Santo Antônio (aos peixes)
Exercícios sobre o Barroco brasileiro - Gregório de Matos
Interpretação - Ardor em coração firme nascido "Gregório de Matos"
Questão sobre o Barroco no Enem
Exercícios sobre literatura de informação (Quinhentismo e Barroco)
1. Leia o trecho a seguir, extraído do Sermão do bom ladrão, de autoria do Padre Antônio Vieira.
Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem esse título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais, já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam.
VIEIRA. Padre Antônio. Sermão do bom ladrão. Disponível em: <http://www.dominiopublico.
a) Vieira descreve, em seu sermão, dois tipos de ladrão. Quais são eles?
b) Para Vieira, qual desses dois tipos de ladrão é o mais nocivo à sociedade? Como o autor justifica sua posição?
c) O sermão de Vieira foi escrito há mais de 300 anos. Em sua opinião, a temática do sermão continua atual?
2. A seguir, está transcrito um trecho da primeira parte do Sermão de Santo Antônio, que Vieira pregou no Maranhão, no século XVII. Leia-o para responder às questões propostas.
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
[...] Pregava Santo Antônio em Itália na cidade de Arimino, contra os hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele e faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande Antônio? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas Antônio com os pés descalços não podia fazer esta protestação; e uns pés a que se não pegou nada da terra não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh maravilhas do Altíssimo! Oh poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, Antônio pregava e eles ouviam.
[...] Os outros santos doutores da Igreja foram sal da terra; Santo Antônio foi sal da terra e foi sal do mar. Este é o assunto que eu tinha para tomar hoje. Mas há muitos dias que tenho metido no pensamento que, nas festas dos santos, é melhor pregar como eles, que pregar deles. [...]
Isto suposto, quero hoje, à imitação de Santo Antônio, voltar-me da terra ao mar, e já que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me ouvirão. Os demais podem deixar o sermão, pois não é para eles. Maria, quer dizer, Domina maris: "Senhora do mar"; e posto que o assunto seja tão desusado, espero que me não falte com a costumada graça. Ave Maria.
VIEIRA, Padre Antônio. Sermão de Santo Antônio. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/ Fragmento.