Questões comentadas sobre Capitães da Areia


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1 - (FUVEST 2011) Considere a seguinte afirmação:

Ambas as obras criticam a sociedade, mas apenas a segunda milita pela subversão da hierarquia social nela representada. Observada a sequência, essa afirmação aplica-se a:

a) A cidade e as serras e Capitães da areia.
b) Vidas secas e Memórias de um sargento de milícias.
c) O cortiço e Iracema.
d) Auto da barca do inferno e A cidade e as serras.
e) Iracema e Memórias de um sargento de milícias.

2 - (FUVEST 2010) Leia o trecho a seguir:

Inimigo da riqueza e do trabalho, amigo das festas, da música, do corpo das cabrochas. Malandro. Armador de fuzuês. Jogador de capoeira navalhista, ladrão quando se fizer preciso.
(Jorge Amado, Capitães de areia)

O tipo cujo perfil se traça, em linhas gerais, neste excerto, aparece em romances como Memórias de um sargento de milícias, O cortiço, além de Capitães de areia. Essa recorrência indica que:

a) certas estruturas e tipos sociais originários do período colonial foram repostos durante muito tempo, nos processos de transformação da sociedade brasileira. 
b) o atraso relativo das regiões Norte e Nordeste atraiu para elas a migração de tipos sociais que o progresso expulsara do Sul/Sudeste.
c) os romancistas brasileiros, embora críticos da sociedade, militaram com patriotismo na defesa de nossas personagens mais típicas e mais queridas.
d) certas ideologias exóticas influenciaram negativamente os romancistas brasileiros, fazendo-os representar, em suas obras, tipos sociais já extintos quando elas foram escritas.
e) a criança abandonada, personagem central dos três livros, torna-se, na idade adulta, um elemento nocivo à sociedade dos homens de bem.


3 - (FUVEST 2010) Por caminhos diferentes, tanto Pedro Bala (de Capitães de areia, de Jorge Amado) quanto o operário (do conhecido poema “O operário em construção”, de Vinícius de Moraes) passam por processos de “aquisição de uma consciência política” (expressão do próprio Vinícius). O contexto dessas obras indica também que essa conscientização leva ambos à:

a) exclusão social, que arruína precocemente suas promissoras carreiras profissionais.
b) sublimação intelectual do ímpeto revolucionário, motivada pelo contato com estudantes.
c) condição de meros títeres, manipulados por partidos políticos oportunistas.
d) luta, em associação com seus pares de grupo ou de classe social, contra a ordem vigente.
e) cumplicidade com criminosos comuns, com o fito de atacar as legítimas forças de repressão.

(UNIFESP 2011) Leia o trecho para responder às questões 4 e 5:

[Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a quem chamava “meu padrinho” e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A perna coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia nas suas costas quando o cansaço o fazia parar. A princípio chorou muito, depois, não sabe como, as lágrimas secaram. Certa hora não resistiu mais, abateu-se no chão. Sangrava. Ainda hoje ouve como os soldados riam e como riu aquele homem de colete cinzento que fumava um charuto.
(Jorge Amado. Capitães da areia.)

4 - Considere as afirmações seguintes.
I. O fragmento do romance, ambientado na cidade de Salvador das primeiras décadas do século passado, aborda a vida de uma criança em situação de absoluta exclusão social e violência, o que destoa do projeto literário e ideológico dos escritores brasileiros que compõem a “Geração de 30”.
II. Valendo-se das conquistas do Modernismo, o romance apresenta linguagem fluente e acessível ao grande público, utilizando-se de um português coloquial, simples, próximo a um modo natural de falar, com o largo emprego da frase curta e econômica.
III. Sem-Pernas é uma personagem que, embora encarne um tipo social claramente delimitado, o do menino “pobre, abandonado, aleijado e discriminado”, adquire alguma profundidade psicológica, à medida que seu passado e suas experiências dolorosas vêm à tona.

Conforme o texto, está correto o que se afirma apenas em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

5 - O zigue-zague temporal ligado à vida de Sem-Pernas,empregado no fragmento para a composição da personagem, é construído de maneira muito precisa, por meio da utilização alternada de diversos tempos verbais. Indique a alternativa em que há, respectivamente, um tempo verbal que expressa fatos ocorridos num tempo anterior a outros fatos do passado e um tempo verbal usado para marcar o caráter hipotético de certas ações ou o desejo de que se realizassem.

a) Vivera na casa de um padeiro (...) — uma mão que o acarinhasse (...)
b) Em cada canto estava um com uma borracha comprida. — Sofreu fome.
c) Nunca tivera família. — A perna coxa se recusava a ajudá-lo.
d) A princípio chorou muito (...) — Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora.
e) Ele quer um carinho (...) — Um dia levaram-no preso.

6 - (FUVEST 2011) Entre as variedades de preconceito enumeradas a seguir, aponte aquelas que o grupo dos “capitães da areia” (do romance homônimo) rejeita e aquelas que acata e reforça: preconceito de raça e cor; de religião; de gênero (homem e mulher); de orientação sexual. Justifique suas respostas.

7 - (UNICAMP 2013) Leia o seguinte trecho do romance Capitães da Areia, de Jorge Amado:

Agora [Pedro Bala] comanda uma brigada de choque formada pelos Capitães da Areia. O destino deles mudou, tudo agora é diverso. Intervêm em comícios, em greves, em lutas obreiras. O destino deles é outro. A luta mudou seus destinos.
(Jorge Amado, Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 268.)

a) Explique a mudança pela qual os Capitães da Areia passaram, e o que a tornou possível.
b) Que relação se pode estabelecer entre esse desfecho e a tendência política do romance de Jorge Amado?